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o trânsito não é os outros

Atualizado: 26 de set. de 2020

Ensaio sobre como trafegar zen pela vida



Sempre tentei entender fenômenos, ver sentido nas coisas e situações. Muitas vezes na minha vida senti um grande vazio vendo ao meu redor enormes filas de carros indo sei lá pra aonde. Outras tantas vezes me vi estressada e xingando todo mundo a minha volta.

Hoje lido com o trânsito de uma forma bem interessante. Abstraindo. Assisto a um filme no telão do para-brisa. Fico ali de fora da cena apenas olhando. Distante. Ainda mais quando o carro está no piloto automático. Aí então a viagem fica zen total. Me sinto na poltrona do Cinemax ou num zafu. Gosto de observar os atores. Motoboys (tão camicases tadinhos, agora estão dominando até as contramãos), taxistas, motoristas de ônibus, condutores mais ousados, apressadinhos, outros molengas, os medrosos, aqueles mais gentis, os estressados, que geralmente são também bem fominhas. Muitas vezes consigo prever os comportamentos deles. Antes eu ficava puta com os motoristas que para fazer uma conversão me cortavam, furando uma fila gigante em que todos esperavam civilizadamente por sua vez de virar. Muitas vezes joguei o carro para impedi-los. Mas já não ligo mais. Deixo que sigam.

E aqueles que parecem maus caráteres? (E talvez nem sejam). Ferram a gente entrando na nossa frente quando o farol amarelo está naquele milésimo de segundo que o separa do vermelho. Como só há espaço para um carro nos fazem fechar o cruzamento... Essa situação me deixava louca de raiva e indignada. Agora já nem me acontece. Estou mais cuidadosa. Quando sinto que o farol ficará amarelo dou uma esperadinha. Ter pressa pra quê?

O que mais curto é dar passagem. Deixo muitos entrarem na minha frente. Fico tão feliz com isso. Sinto uma onda de amor me atingindo cada vez que deixo alguém passar. E me abasteço disso. Principalmente nos acessos à marginalzinha ou em outras vias semelhantes e de difícil acesso. Há ocasiões em que as pessoas estão tão afobadas para entrar na via que nem conseguem agradecer. Não tem nada não. Não me arrependo. Mas acho super fofo quando ligam o pisca-alerta como quem diz: "obrigado". Linguagem do trânsito. Por falar nisso lembrei do Waze. Adoro receber mensagens do app: “seus últimos alertas foram vistos. Ajudou 42. Wazers agradecidos: 2”.

Eu gosto de pegar trânsito. Maluca eu? Não, apenas aproveito cada instante de forma positiva. Não vivo mais na correria. Procuro configurar minha vida de um jeito que o tempo se adeque ao espaço. Assim não me atraso e não estresso. Ou se me atraso, não me estresso. Aproveito o período em que fico dentro do veículo parado ou trafegando lentamente por causa do trânsito para escutar podcasts, estudar inglês, ouvir músicas. Assim, não quero nem chegar ao destino. Só quero estar. Estar em mim. Seja no trânsito, em casa, no trabalho, no banho... Só quero estar em mim.


 

A prática do Zen é um tipo de meditação contemplativa que visa levar aquele que pratica a uma experiência direta da realidade. O termo zen também é muito utilizado por pessoas que procuram levar uma vida tranquila, não necessariamente que sejam adeptas ao budismo, mas que procuram evitar problemas e manter sempre a mente tranquila.

 

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