luto ⠀ ⠀ ⠀
quando
eu demolir
esta casa ⠀ ⠀ ⠀
⠀
vou
aonde
raios de sol
me façam
franzir
os olhos ⠀
como
que
cerzindo
luz ⠀ ⠀
⠀
neste
cemitério
minha
memória
enterra
almas
(de)
penadas ⠀ ⠀
⠀
relembro
campos
e ventres
vazios ⠀ ⠀
⠀
despenco
em
barrancos
fustigados
por
sombras
:remorsos
cansaços ⠀
⠀
quando
eu demolir
esta casa ⠀
⠀
quero ir
aonde haja
terra e pés
no chão ⠀ ⠀
⠀
mesmo
com
folhas
gravetos
e
seixos
fincando
as solas ⠀ ⠀
⠀
quando
eu demolir
esta casa ⠀
⠀
e tudo
estiver
abaixo ⠀
pedriscos
aliviarão
a
cronicidade
daquilo
que
me faz
penar ⠀ ⠀
⠀
a dor
traz
presença
: minha
e dos
meus
mortos ⠀ ⠀
⠀
todos ⠀
⠀
poesia de Laura Abreu I 2019
