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infância

Atualizado: 26 de set. de 2020

risos

pitangas

e gestos

insipientes

nos

quintais

onde

enterramos

pássaros

cães

pedras

bem lembro

do alvoroço

cantos

linguagem

elementais

recordo

o ines-

gotável

sentido

e o sabor

da canela

na chuva

lá estão

mãozinhas

tateando

sujas

a pele

sem

cascas

da

jabuti-

cabeira ⠀ ⠀ ⠀

e o contraste

quase sempre

doce dos

penduricalhos

verdevermelho

pretoarroxeados

aderidos

aos troncos

nos

entre-

laçávamos

aos galhos

e o sol

escapava

pelas

fendas

nossos

corpos

íntimos

daquela

árvore

de mel

e frutos

cor

de breu

quando

olhava

à noite

da casa

para

o quintal

:um medo

incontido

não

bastassem

promessas

baldias

e inocentes

não

restassem

encantamentos

e rios

subterrâneos

sobrariam

ainda

os lutos

ranço

a embriaguez

e os

desalinhos

aliados

às inutilezas

constantes

e cortantes

dos poemas ⠀ ⠀ ⠀ ⠀ ⠀

por Laura A ⠀ ⠀




👉🏻ilustração de Lelis para o livro Buriti Grande

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