Muros altos, a linha de tiro,
portões, trancas e grades.
O dia de visita acorda cedo.
No colo a criança gerada na impotência
do encontro improvisado.
Mães de longe vêm carregando embrulhos,
sacas pesadas de pesar.
As paredes são tristes, cinzas, frias como o sistema.
O que nos faz ser desse mundo?
As tímidas flores na entrada quem sabe
sejam reminiscências de alguém que tenha talvez
entendido a alma dos homens, com seus desvios,
que vêm e vão.
Somos todos vítimas?
O dia passa, a impotência aumenta.
Nada a fazer. Resta esperar.
O que preserva essa vida?
Um detento é morto. Seu coração arrancado.
Assim se cumpre a lei do presídio.
Não há sentido!
Finca no preso a sirene: é hora do adeus.
Não há deus!
O mundo de dentro e fora prepara a noite,
acalenta o crime.
E as mães vão embora com seus ventres vazios.
Derrotadas.
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